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Foto do escritorSara Lins

Home Office e Ergonomia

Atualizado: 16 de jan. de 2021

Embora algumas empresas já adotassem - mesmo que em menor grau - o estilo de trabalho em casa, a maioria começou a oferecer essa possibilidade em decorrência da recente pandemia de Covid-19. Assim, uma mudança que em tempos normais seria feita em meses ou anos, teve que ocorrer em dias. Consequentemente, diversos problemas relacionados à ergonomia se tornaram mais frequentes e evidentes, considerando-se que grande parte das empresas e funcionários ainda não estavam preparados para a mudança.

A ergonomia é um conceito estabelecido por meio da norma regulamentadora NR-17 e sua premissa básica é que o trabalho deve ser adaptado ao homem, levando em consideração suas necessidades psicofisiológicas e garantindo qualidade de vida, saúde e segurança ao trabalhador. Ou seja, ergonomia não é apenas sobre uma cadeira ergonômica, mesa e computadores adequados, é necessário que se atente também às condições sociais e ambientais.

Vamos utilizar como exemplo o Alex. Alex trabalha para uma empresa de tecnologia e durante a pandemia passou a trabalhar em casa. No entanto, seu supervisor percebeu que ele não está produzindo tanto quanto no escritório e não consegue entender o porquê, já que a empresa forneceu todos os materiais necessários para que Alex cumpra suas atividades. Ao conversar com o funcionário, foi percebido que embora a empresa de fato tenha disponibilizado cadeira, mesa, luminária e internet adequadas, haviam outros problemas que influenciavam seu trabalho e que não tinham sido observados anteriormente. Além do trabalho Alex tinha que cuidar das crianças em casa, já que elas não estavam estudando; sua saúde mental estava abalada pois ele perdeu um membro da família em decorrência do Covid-19 e ele estava preocupado com a situação financeira da sua família, porque sua esposa perdeu o emprego e agora apenas o salário dele mantinha a casa.


Fatores de risco ergonômico


Para que o colaborador consiga de fato alcançar resultados positivos, tanto em qualidade de vida quanto em capacidade criativa e produtiva, é importante antecipar e mapear os principais fatores de riscos ergonômicos e corrigi-los. Isso pode ser feito por meio de uma AET (análise ergonômica do trabalho), que é obrigatória para todas as empresas, e você pode entender mais sobre o assunto lendo os links no fim desse artigo.

Na maioria dos casos as soluções para os fatores de risco são simples e facilmente aplicáveis. Esses fatores são geralmente agrupados em:

  1. Mobiliário e Equipamentos: Um dos mais comuns nessa pandemia, pois o ambiente de trabalho em casa é, geralmente, improvisado; mobiliário e equipamentos inadequados, que não permitem ajustes e não condizem com os aspectos físicos do trabalhador; falta de espaço para movimentação das pernas e braços; dificuldade de alcançar objetos, documentos e outros materiais; mesa com falta de espaço físico para colocar materiais de trabalho.

  2. Biomecânicos: Trabalho em posturas inadequadas por longos períodos; trabalho sentado por muito tempo; necessidade de realizar movimentos repetitivos de forma frequente (o que pode causar LER - lesão por esforço repetitivo).

  3. Ambientais: Sons incômodos vindos do ambiente; desconforto térmico (temperatura muito alta dentro de casa); iluminação inadequada; reflexos da luz do sol no monitor.

  4. Organizacionais: Ausência de pausas para descanso; ritmos intensos de trabalho; variação dos turnos de trabalho; falta de capacitação para exercer as tarefas; metas de produção muito rigorosas (o que pode se agravar com o home office, porque muitas vezes por achar que o funcionário tem mais tempo livre, acaba-se passando mais atividades que o normal); falta de equilíbrio entre tempo de trabalho e tempo de repouso; má gestão do tempo.

  5. Psicossociais e cognitivos: Também um dos mais comuns durante a pandemia, já que é um momento incomum para todos e diferente de tudo o que vivemos até então; excesso de situações de estresse; sobrecarga de trabalho mental; frequentes interrupções (como pode ser o caso de trabalhadores com filhos pequenos); condições de difícil comunicação; ordens divergentes ou vagas; metas inexistentes ou incompatíveis; múltiplas tarefas.


Como resolver?


Para garantir conforto e qualidade de trabalho durante o home office é necessário estar atento em algumas situações:

  1. Escolher um lugar adequado: É importante escolher um ambiente da casa onde você se sinta bem, com boa iluminação (natural ou artificial), bem ventilado e de preferência que ofereça isolamento e privacidade. Tenha em mente que trabalhar em ambientes com ruídos ou mal iluminados é muito difícil.

  2. Postura: Para evitar problemas (que podem não ser imediatos, mas certamente aparecerão dentro de algum tempo) por causa da má postura, é importante manter a coluna reta, manter a cabeça alinhada com o monitor para evitar olhar para baixo ou para cima e manter os antebraços sempre apoiados, com os cotovelos próximos dos troncos.

  3. Pausas: É importante manter pausas fixas durante o período de trabalho, tanto para melhorar sua concentração e manter uma rotina, evitando fadiga, quanto para a sua saúde. Sempre que possível faça alongamentos e evite ficar muito tempo sentado.

  4. Hidratação: Mantenha sempre uma garrafa de água por perto. Caso seu corpo não esteja hidratado, sua capacidade cognitiva é afetada e com o tempo você poderá desenvolver problemas de saúde.


Conclusão


A adoção de práticas ergonômicas, seja em casa seja no escritório, proporciona benefícios tanto para empregador (melhoria do desempenho dos funcionários, melhor produtividade, menos pedidos de afastamento) quanto para empregado (melhor qualidade de vida, bem estar, menos estresse). Por isso, é muito importante que se trate o assunto com seriedade e seja mantida uma cultura de preocupação com a ergonomia e a saúde em geral do trabalhador.


Links úteis


Benefícios da AET para sua empresa:

https://beecorp.com.br/blog/aet-analise-ergonomica-do-trabalho/

Discussão sobre métodos de AET:

http://www.producao.ufrj.br/index.php/en/theses-and-dissertations/mestrado/2009/433--388/file



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